Assistindo ao “Sem censura” na Tve Brasil,vi um jovem pianista pernambucano de 19 anos,Vitor Araújo.Acompanhei a entrevista,falando do seu trabalho,do seu estado natal,enfim, as conversas da Leda Nagle.Depois passeando pelos outros canais, sempre tem alguma coisa sobre ele, com a divulgação de seu último trabalho lançando, o dual disc “Toc” (cd/dvd), gravado ao vivo no Teatro Santa Isabel em Recife, nada mais natural, vira modinha mesmo.
Mas,me interessei,procurei e constatei que o garoto verdadeiramente é bom, e a inteligência transmitida pela televisão realmente é transmitida em todas as entrevistas que dá. O garoto é sensacional, jovem, diferente, toca piano de forma encantadora até com o pé,ele tenta passar a música,principalmente valendo-se de improvisações.Descoberto no ano passado ao se apresentar na Mostra Internacional de Música de Olinda,Vitor envolve elementos da nossa cultura com a música erudita, pouco conhecida do grande público,além do jazz e da MPB, um paradoxo harmonioso, uma inovação nesse setor musical. Outra coisa que encanta é o seu “sotaque arrastado”, pena que não é passado pelas teclas do piano, seria mais incrível ainda.
Mesmo com toda a visibilidade que tomou conta da sua carreira no momento, define-se apenas como um “trabalhador”. Estuda piano desde os dez anos de idade e com 16 tornou-se músico profissional, “com carteira assinada e tudo”, como sempre destaca. Além de tudo admite ser “chato” com ele mesmo, nunca está satisfeito, diz ser seu pior crítico, parece conversa de gente que “entende do riscado”, mas, sempre esconde-se atrás da humildade mascarada!
Para o jovem “trabalhador”, a música, seu principal instrumento de trabalho, inspira-lhe várias sensações, gostos, cores que misturam-se sem explicações, uma sinestesia que inspira-lhe mais e mais.Cada gênio musical tocado remete-lhe uma cor,como Bach que traz a memória o laranja,Beethovem e Vila-Lobos recorda do cinza,diz lembrar até das pernas de sua namorada,esta por sinal,uma de suas maiores inspirações.
“Não vejo nenhum radicalismo no que eu faço. Eu toco, não tiro o efeito de nenhuma música erudita. Faço apenas algumas improvisações e algumas citações, não perco a oportunidade de tentar renovar alguma coisa que está, há séculos, do mesmo jeito, ou se perde a tradição.”
Diferente, jovem, talentoso, (nordestino)... Dentre outras características que não devem ser mais faladas ou vai parecer suspeito, porém, recomendo!